Sweet Dreams

.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Oops! ...Ela voltou. De novo, pelo jornal Zero Hora

Do que são feitas as princesas? No ano em que completa 30 anos (no dia 2 de dezembro), Britney Jean Spears dificilmente responderia “sapatinhos de cristal”, “fadas madrinhas” ou “maçãs envenenadas”. Muito menos “um príncipe encantado”. Com a recém-lançada Hold It Against Me, a princesinha honorária do pop quer provar que é feita de globos espelhados, sintetizadores e um teco de sacanagem. E quer sua coroa de volta.

A disputa, claro, não vai ser fácil. Para conquistar a supremacia das listas, corações e cifras do mundo pop em 2011, Britney Spears precisará de muito mais do que um bom single – e Hold It Against Me sem dúvida o é. Mas agora, ao invés de ex-companheiras de programa de TV (Christina Aguilera) ou doidivanas britânicas (Lily Allen e Amy Winehouse), ela competirá com uma aplicada estudante de sua própria mestra.

Escorada em um aguardadíssimo segundo disco prometido para junho – e com um faturamento anual já estimado em US$ 100 milhões pela Forbes – Lady Gaga é a nova discípula de Madonna e aposta natural ao lugar deixado vago por Britney. Só que diferentemente da fofura que começou arrebatando crianças e adolescente (e pervertidos em geral) usando trancinhas e uniforme colegial, Gaga deu à vulgaridade e à falta de noção o status de caminho único no pop – sendo seguida por toda uma leva de “nasty girls”, como Ke$ha, Katy Perry e Rihanna.

O universo que Britney encontra hoje, portanto, não tem nada daquele onde sua virgindade valia ouro e o máximo de nudez permitida era a barriga na capa da Rolling Stone. A chapa só começaria a esquentar, de leve, na virada para os anos 2000, quando apareceria vestindo um provocativo colant de vinil vermelho no clipe da faixa-título do disco Oops!… I Did It Again e simulando um (pudico, para os padrões atuais) strip-tease no MTV Video Music Awards.

A decisiva e necessária transformação da garotinha inocente do interior em devoradora de homens foi gradativa e cuidadosamente planejada. A exploração do potencial lúbrico de Brit começaria mesmo em Britney (2001), que contém as lascivas I’m a Slave 4 U e Boys, a regravação do hino I Love Rock ‘n’ Roll, de Joan Jett, e a carta de intenções I’m Not a Girl, Not Yet a Woman. No MTV Video Music Awards daquele ano, vira assunto de novo ao aparecer dançando com uma cobra.



O ápice da capacidade de capitalizar sua imagem e continuar surpreendendo viria em 2003. Depois de largar do namoradinho de infância Justin Timberlake e vir ao Brasil para o Rock in Rio, protagonizou o famoso beijo na boca em Madonna, com quem havia feito um dueto no hit Me Against the Music, do disco In The Zone.

Mas o beijo da madrinha revelou-se nefasto. De 2004 a 2007 Britney afastou-se dos estúdios e palcos para engravidar, casar e se separar do dançarino Kevin Federline e afundou-se em escândalos com a socialite Paris Hilton e a atriz Lindsay Lohan – uma foto sua saindo de uma boate, visivelmente alterada e sem calcinha, foi a imagem mais procurada na internet em 2006.

O auge da crise se deu no final de 2007, quando Brit raspou a cabeça e atacou, furiosa, um grupo de fotógrafos com um guarda-chuva. Na semana seguinte, foi internada à força numa clínica de reabilitação e perdeu a guarda dos filhos. O esgotamento físico e psicológico do estereótipo do Sonho Americano rendeu o disco Blackout, considerado o trabalho mais coeso e maduro de Britney.

Em um dos seus singles, Piece of Me, Brit questiona o interesse selvagem da imprensa por qualquer bobagem que ela faça – dentro ou fora dos palcos. No vídeo da canção (que teria custado 500 mil dólares, supostamente o mais caro de sua carreira), a cantora aparece com amigas, se disfarçando para confundir os paparazzi e depois rindo da repercussão na mídia.

Mas a retomada não seria fácil e, em outubro daquele ano, Brit ganhou novamente o noticiário pelo motivo errado: durante o show de lançamento do primeiro single de Blackout, Gimme More, o figurino escolhido pela cantora deixava a mostra uma barriga saliente o bastante para virar assunto em todo o mundo.


Apesar da gafe, o disco vendeu bem e no final de 2008 ela soltou um novo trabalho, Circus, que a reconduziu ao primeiro círculo do pop. Impulsionado pelo single Womanizer (que acaba indicado ao Grammy de melhor faixa dançante), Circus deu a Britney o título de mais jovem artista feminina a emplacar cinco discos seguidos no topo da Billboard e provou que ela ainda tem condições de brigar pela topo.

Se depender dela, o terreno para a disputa serão as pistas mais adultas e escuras. Hold It Against Me é trilha de rave, toda construída sobre uma base de trance com batidas industriais secas e pesadas. A letra, claro, versa a respeito de sedução e sacanagem numa pista de dança.

Pela boa recepção de crítica e vendas do single (está em primeiro lugar em diversos países desde seu lançamento na semana passada), é bem provável que o novo disco de Britney, previsto para 11 de março, siga por trilhas musicais bem diferentes do pop açucarado que a tornou a princesinha de uma geração. Resta saber se ela está disposta a ir mais longe do que já foi.

Britney Spears em números

– Vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo;
– De acordo com a Associação da Indústria da Música dos EUA (RIAA, em inglês), está entre as oito mulheres que mais venderam álbuns no país, com 32 milhões de unidades certificadas com discos de ouro e platina;
– Está entre as oito artistas da década de 2010 em eleição feita pela revista Billboard;
– Em junho de 2010, foi ranqueada pela revista Forbes em sexto lugar na lista das 100 celebridades mais poderosas e influentes do mundo;
– Foi indicada a oito Grammy e venceu um, com o single Toxic (2005);
– A revista Rolling Stone elegeu seu disco Blackout (2007) como o disco da década;
– Seu primeiro DVD, Time Out with Britney Spears, lançando em 1999, vendeu 750 mil cópias apenas nos Estados Unidos;
– Tem 7,5 milhões de fãs no Facebook e 6,6 milhões de seguidores no Twitter;

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More